domingo, 20 de junio de 2010

Partir é o melhor caminho.




"...Nunca se sabe onde está uma despedida. Até no afã do até logo pode esconder-se um nunca mais. Na frase infeliz, na simples conversa, algo pode estar morrendo, do amor ou da amizade...Por isso, uma dor sempre se infiltra em cada afastamento. Algo se assusta, escondido em tudo o que se separa. Ainda que para ir ali pertinho e logo voltar.
Quem viaja ameaça a despedida. “Partir é morrer um pouco”, dizem os franceses, e com razão. Ainda que para encontrar-se depois, quem parte arrisca despedidas. Por isso, a emoção subjacente percorre-lhe o mistério e a “região das certezas absolutas”.As grandes despedidas dão-se – contudo – sem que o percebamos. As que sabemos e sofremos não são despedidas completas, pois a saudade e a memória hão de trazer de volta o sentimento genuíno que agora causa dor. As grandes despedidas infiltram-se no cotidiano e nos atos corriqueiros de cada dia sem ser percebidas. Muitos anos depois, vamos verificar que disfarçado em dia-a-dia ali estavam e estalavam saudades antecipadas, vários nuncas dos quais jamais suspeitamos. Nunca se sabe onde está uma despedida.A não ser muito depois.

Arthur da Távola

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